2023
Aprendendo a Lidar com as Incertezas
Exposição Coletiva da ACAP - 2023
Galeria Municipal de Arte Pedro Paulo Vecchietti
Este Projeto surgiu, em 2020, por inciativa da Comissão de Arte, da Associação Catarinense dos Artistas Plásticos – ACAP, que propunha aos associados o desenvolvimento de trabalhos naquele contexto da pandemia em saúde pública provocada pela Covid19. Entre julho e agosto daquele ano, os 13 artistas que se engajaram na proposta desenvolveram seus trabalhos que foram expostos a partir de dezembro em ambiente virtual.
A iniciativa vinha no sentido de criar oportunidades para que os artistas mostrassem suas produções, pois, mesmo isolados por conta das restrições impostas, continuavam suas pesquisas, práticas e fazeres. Além do que, com o fechamento compulsório dos espaços culturais e não havendo mais circuito expositivo ativo, estando o próprio sistema de artes em risco de colapso por conta da total estagnação a que fora submetido, era necessário buscar alternativas para dar visibilidade à produção com a criação de outros espaços de fruição, bem como alimentar a esperança ao longo da angustiante espera de retorno à “normalidade”.
Tratou-se, portanto, de apresentar um grupo de trabalhos inéditos que, muito embora distantes em suas especificidades procedimentais e particularidades processuais, possuíam campos de aproximações e similitudes impregnados de memórias afetivas e narrativas pessoais próprias daquele tempo.
Para esta versão de Aprendendo a Lidar com as Incertezas a proposta inicial foi desdobrada com o deslocamento daqueles trabalhos feitos e hospedados em ambiente virtual para o espaço expositivo real levando em consideração de que a reabertura dos espaços, bem como, a retomada dos circuitos expositivos é fato. Diante deste novo contexto e situação, os trabalhos foram atualizados e ressignificados adequando-os a este outro ambiente que é o da Galeria Pedro Paulo Vecchietti espaço que, coincidentemente, leva o nome de um dos artistas fundadores da ACAP que é a instituição proponente que completa neste ano 48 anos de existência e de atividades ininterruptas.
Dos 13 artistas que participaram da exposição virtual original dois não farão parte desta versão, fato que não constitui um problema e nem interfere na proposta em curso que mantem sua característica inicial que é de servir como registro de um momento específico de introspecção e isolamento e que, de maneira geral, é o fator condicionante e provocador das reflexões feitas e que culminaram com a instauração de novas formas de convívio, hábitos e manifestações afetivas.
Albertina Prates com sua pintura “Macaco Personalizado” suscita críticas em relação à ética dos cientistas na condução de suas pesquisas, especialmente, aquelas desenvolvidas no campo da manipulação genética.
A foto colagem de Angela Vielitz funciona como alerta ao descaso com a natureza, haja vista que os processos predatórios provocados pela indústria da construção civil, bem como, a ganância e desleixo humanos, não foram interrompidos pelo confinamento imposto, nem das incertezas advindas dele, conforme observado pela artista durante seu isolamento social.
Angela Souza com seu desenho instala um ambiente de dúvidas, questionamentos e incertezas problematizando passado e presente como elementos provocadores de medos, incertezas e indefinições futuros.
A série de desenhos de David Ronce imprime, na superfície do papel, as incertezas vividas pelo medo e instabilidade emocional provocada pelo confinamento em que tempo e memória vão sendo cotidianamente valorados e ressignificados.
Gelsyr Ruiz com o trabalho “Janelas” faz uma reflexão a respeito do próprio termo/título da obra que se desdobra absorvendo novos sentidos e importâncias no contexto da pandemia ao servir como conexões e portas de entrada e saída para diferentes ambientes e mundos.
O conjunto escultórico apresentado por Jean Rodrigues alude a três aspectos principais: o confinamento, a afetividade e a justiça, que são tratados à luz do momento de impotência, bem como, falta de razão e sofrimento vivenciados.
José Carlos da Rocha com sua serie de imagens traz a luz conflitos existenciais que lhe foram despontados ao longo do período pondo em evidencia e reflexão o conceito de humanidade frente à dicotomia viver X sobreviver. Quais caminhos seguir para superação do conflito é o questionamento que faz o artista.
As pinturas de Luah Jassi tratam de tristezas e angustias, medos e impotências provocados pela morte que, indistintamente, ronda mentes e lares, mas sem perder a esperança na vida e fé no retorno do equilíbrio e da liberdade.
Maria Esmênia apresenta uma série de colagens em que, por meio de uma narrativa imagética própria, propõe reflexões positivas a respeito do futuro incerto que nos espera depois de superado o momento do confinamento.
As pinturas Mariette van de Sande suscitam uma série de sensações em relação ao ano de 2020 tais como surpresa, perplexidade, medo, ansiedade, angustia, raiva, confusão, depressão, saudade fazendo contraponto com solidariedade, compaixão, amor ao próximo, empatia, sendo todos os sentimentos provocadores de mudanças futuras. Ao dispor a gura humana como protagonista a artista alimenta a esperança na humanidade.
Marilene de Orleans apresenta fotografias que sintetizam sua pesquisa e modo de viver atuais em que o colecionismo de coisas triviais do entorno de seu ambiente de moradia é reorganizado espacialmente para o registo imagético. Ao longo do processo introspectivo a artista revê conceitos e memorias afetivas ao mesmo tempo em que questiona hábitos adquiridos com o tempo e percebe a finitude do ciclo da vida.
As aquarelas de Meg Tomio Roussenq problematizam a vida ambígua e inquietante vivenciada que impõe uma nova ordem e forma de existir, ao mesmo tempo em que pensa o vírus como “pura força de Metamorfose, circula de vida em vida sem se restringir as fronteiras dos corpos, livre e anárquico”.
Com este conjunto significativo de trabalhos Aprendendo a Lidar com as Incertezas sinaliza muitas outras coisas ao embaralhar narrativas autorais com leituras e interpretações pessoais, mais do que isto, marca o início de novo ciclo em que se vislumbra um tempo de segurança, liberdade, alegrias e esperanças renovadas.
Marcelo Seixas
Combinatória dos Gestos
Exposição Coletiva da ACAP - 2022
Sala Lindolf Bell I - Centro Integrado de Cultura (CIC)
ACAP (Associação Catarinense dos Artistas Plásticos), está comemorando seus 48 anos com a exposição “Combinatória dos Gestos” com intuito de movimentar e dar visibilidade a produção artística de seus associados. Contando com a participação de 26 artistas, a exposição é contemplada com trabalhos em desenhos, pinturas, aquarelas, colagens, esculturas, bordados, instalações, que resultam de um recorte do processo de pesquisa e produção de cada participante. Neste contexto de linguagens visuais todos os trabalhos tomam relevância no conjunto, pensados como um jogo de combinatórias formais e gestuais deste entrelaçamento de diversidades simbólicas, culturais e subjetivas. Através deste diálogo invisível a relação com as suas possíveis combinações criativas e receptivas a exposição propõe defender a sistematização de uma forma geral para a multiplicidade de acontecimentos e percepções.
Como em um jogo a alteração das peças estabelece para o olhar uma nova comunicação, uma atitude, portanto um gesto, ponte para pensar que o gesto na arte tem finalidade em si mesmo, disposto a obedecer às suas próprias regras, acordadas entre o artista e o seu fazer. A competência de uma teoria geral dos gestos seria o estudo das articulações (expressões) da liberdade. Seria teoria "formal", porque seu campo não seria a liberdade, mas as expressões da liberdade. Gesto é um movimento no qual se articula uma liberdade, afim de se revelar ou de se velar para o outro.
(...) O tempo deixa de ser fluxo que vem do passado, passa por ponto imaginário chamado ‘presente’ e se dirige rumo ao futuro. O espaço deixa de ser estrutura tridimensional vazia, cujo centro é arbitrário e cujos eixos apontam o infinito. O espaço-tempo passa a ser um único suporte. Nele os problemas se aproximam de todos os lados, vindo do futuro que é horizonte espaço-temporal limitado pelo alcance do interesse. Ao se aproximarem, se concretizam, e tornam-se concretos ao se apresentarem. A realidade é a circunstância concreta presente. E o passado é aspecto do presente: memória disponível ou indisponível (esquecimento). (FLUSSER, 2014: 55)
“Combinatória dos Gestos”, não tem a pretensão de definir “gesto” sem perder algo essencial, porque a definição implica ser ela uma presença ativa no mundo, a própria etimologia sugere este fato: “gesta” – feitos. Tem como objetivo mostrar nas combinatórias, os gestos implícitos e explícitos em cada processo destas costuras perceptivas, para tirar delas o que a liberdade expressiva possibilita, sejam eles, conceitos, narrativas, poéticas, histórias, formas, cores, estruturas ou tudo mais que este movimento possibilitar.
Meg Tomio Roussenq
Entre Tempos: um olhar contemporâneo
sobre Florianópolis 350 anos
Exposição Coletiva da ACAP com a realização da UNICRED Valor Capital - 2023
Salas Lindolf Bell I e II - Centro Integrado de Cultura (CIC)
A exposição coletiva ENTRE TEMPOS - um olhar contemporâneo sobre Florianópolis 350 anos reúne 35 artistas que, ao longo de cinco meses, dedicaram-se a explorar em seus processos artísticos, a cidade de Florianópolis, que carrega consigo uma significativa história, em meio ao seu crescimento atual. A exposição busca unir, por meio do ENTRE TEMPOS, uma temporalidade histórica revisitada e experimentada dentro de uma abordagem contemporânea que enfrenta constantemente o desafio de equilibrar progresso e preservação.
O tempo é um conceito complexo que permeia todas as esferas da vida humana, sendo inseparável de nossa experiência subjetiva, moldando nossa compreensão do mundo. Jacques Derrida e Gilles Deleuze, influentes filósofos contemporâneos, abordaram o tempo de maneiras distintas, explorando a relação entre tempo e memória. Derrida destaca as rupturas, diferenças e influência da linguagem e escrita na percepção do tempo, enquanto Deleuze propõe uma visão ontológica, enfatizando a multiplicidade e o devir temporal.
A relação entre tempo e memória é intrincada e desafiadora. A memória é essencial para nossa experiência, permitindo-nos reter e recordar eventos passados, construir nossa identidade, dando continuidade à nossa narrativa pessoal. No entanto, a memória também é suscetível a distorções e esquecimentos, questionando sua confiabilidade como um registro fidedigno do passado. As memórias passadas influenciaram nossa percepção do presente, colorindo nossas emoções, julgamentos e ações.
Nesse contexto, a exposição ENTRE TEMPOS se propõe explorar as memórias de Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina, que carregam as influências dos povos originários e coloniais, agregando também as influências da contemporaneidade. Os trabalhos dos artistas selecionados refletem essa diversidade de influências. Cada obra, por meio de diferentes formas de expressão artística, oferece um olhar singular sobre o passado e o presente, e convida o público a explorar os significados e desafios da evolução da cidade.
Florianópolis floresceu como um polo cultural na era contemporânea, refletindo a fusão de tradições e incorporada de novas expressões artísticas, sociais, culturais, arquitetônicas e tecnológicas. Assim sendo, na mostra podemos sentir a beleza paradisíaca da Ilha de Santa Catarina, das suas praias de areias brancas e águas cristalinas, da sua história, cultura e magia, paralelo ao grande desafio que está colocado: a preservação do meio ambiente, ameaçado pelo crescimento urbano desordenado. As pinturas, aquarelas, desenhos, colagens, instalações, esculturas, bordados e fotografias estimulam uma reflexão sobre o desafio posto: preservação da memória cultural versus crescimento versus preservação do meio ambiente.
ENTRE TEMPOS é uma celebração da história de Florianópolis, nela está estabelecido um diálogo entre o passado e o presente, refletindo memórias entre a cultura e a natureza. A mostra dá aos espectadores a oportunidade de vivenciar uma experiência enriquecedora, imersa na diversidade temporal e de expressão matérica, que permeia o olhar de cada artista na sua narrativa sobre esta cidade única.
Confraternização de Final de Ano
Confraternização de final de ano da Associação Catarinense dos Artistas Plásticos
Associação Atlética Banco do Brasil - AABB I Coqueiros I Florianópolis - 2023