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2019

Resistência: ato poético em cor e forma

Exposição Coletiva da ACAP - 2019

Curadoria de Meg Tomio Roussenq

Sala Lindolf Bell II - Centro Integrado de Cultura - CIC

A exposição coletiva Resistência: ato poético em cor e forma, tem como objetivo mostrar os trabalhos de dezenove artistas integrantes da ACAP- Associação Catarinense dos Artistas Plásticos, que durante dois meses pensaram sua produção a partir do tema proposto. Num ato resistente em cor e forma, suas individualidades se transformaram em processos diferenciados com narrativas que atravessam conceitos políticos, geográficos, biológicos, históricos, filosóficos, afetivos e simbólicos. Numa variedade de diálogos, em sua defesa, podendo inclusive implicar na ideia de autonomia, numa força ativa de transformação, que consagra a essência criativa. A possibilidade de resistência traz consigo a pergunta: ao que resiste a arte? Suas motivações são de origens diversas ao longo da história, desde o conservadorismo do pensamento, ao academicismo, passando pela recusa à estabilidade formal, aos enunciados dos projetos passadistas e ao alinhamento dos poderes instituídos: Igreja, Estado e Mercado.

Nesta exposição, o contemporâneo não se deixa cegar nas pinturas, desenhos, fotografias, esculturas, impressões, bordados, instalações, aquarelas. Anuncia e consegue entrever a parte da sombra, a sua íntima obscuridade. Resiste na capacidade de manter-se integralmente em si. O artista é quem libera esta vida potente, além do pessoal. Não é a vida dele. Dentro deste fluxo de discurso emergem os trabalhos.

Jassirene insiste, “o coração da velha senhora ainda pulsa”, pensando o grito da história que nos liga e afeta. Albertina, resiste “ na dualidade das coisas”. David Ronce poetiza, o tempo da criação. Solí traz, “a pequena menina corre, pula e faz sua coleção de conchinhas” para melhor dizer do tempo afetivo, histórico e geográfico. Raquel Piffer
diz do ruído filosófico: "Tenho vergonha de ser homem". Estela Ramos retoma para si, a  cultura em descaso das rendeiras. Elenice Berbigier indaga as formulas medicamentosas, questionando-se se a “cura existe?”. Marilene de Orleans ativa sua “tristeza e impotência contra a destruição da Natureza”. Mariette Van Sande insiste em dizer “só seremos realmente Homo sapiens (Homo que sabe que sabe) quando entendermos que todos os animais na face da terra são importantes e quando dermos a eles o devido respeito e direito a sobrevivência”. Miriam Porto processa o tempo entre vida e morte, “dobra da existência de maior efeito, aquela que você passa por ela”. Schmidt resiste no desaparecimento da pesca artesanal, ‘’seu principal sustento”. Jaime Baião desdobra o tempo em, “resistir... até imigrar”. Borba intenciona os sentimentos: “... coração assemelha-se a uma “caixa-preta” onde são armazenadas todas as informações emocionais”. Gelsyr Ruiz olha para o entorno da cidade, onde “só nos atemos à paisagem contemplativa em meio ao caos urbano”. Eliane Veiga traz o simbólico universal em “Crucis”. José Carlos da Rocha reverbera o ato de criar como “...resistir à opinião, resistir à formatação e ao enquadramento”. Nelma Camargo processa a intolerância: “A violência sempre fez parte da natureza humana e, mesmo sendo uma prática muito  antiga, continua presente até hoje, se mantendo constante e invisível”. Maria Esmênia se inquieta no corpo enquanto arte que resiste “ como um ato criativo que nasceu do combate à inércia, ao obscurantismo, à mesmice...”.

É neste conjunto de complexidades expressivas, nas diversas materialidades e poéticas que a criação ou produção, enquanto ato se torna o exercício continuo do ato de resistir. A arte resiste às tentativas de cerceamento político e criativo, ao impulso de normatização, a perda do mistério.

“O elemento genuinamente filosófico contido na obra – seja esta de arte, ciência ou pensamento – é sua capacidade de ser desenvolvida, algo que ficou sem ser dito, ou foi intencionalmente assim deixado, e que se trata de saber encontrar e colher.”
(Giorgio Agamben)

Meg Tomio Roussenq

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