FRAGMENTOS
Parte de um todo. Pedaço de coisa que se quebrou, rasgou etc (Oxford Languages/Google)
Sinônimo de pedaço, lasca, migalha, partícula, retalho. Ou texto, ou contexto. Tudo vai do seu contexto de inserção. No entanto, uma vez fragmento, ao exibir suas características particulares, adquire independência e, no jogo do visível, se abre a encaixes em novos contextos.
Dessa maneira, o fragmento desloca nosso olhar fazendo ver o que não se vê naquilo que se vê habitualmente. Essa perspectiva sustenta diferentes abordagens, entre as quais as que são aqui apresentadas reunindo a percepção de duas artistas que têm seus olhares voltados para o universo de pequenices. Seja nas pequenas raízes vegetais aéreas em sua estratégia de expansão vital, da ordem do orgânico na abordagem de Laïs. Seja na de Sandra, que focaliza os pequenos resíduos industriais produzidos pelo homem que, na volta à natureza se espalha imperceptivelmente aos nossos olhos e polui o meio ambiente, comprometendo a vida no planeta.
Laïs Krücken
As obras foram elaboradas a partir de raízes periféricas de samambaia renda-portuguesa. Tais raízes estavam firmemente agarradas à parede externa de um vaso de barro e se fragmentaram durante a poda e limpeza. Coletados, os fragmentos de raízes peludinhas foram limpos, prensados e colados sobre papel, inspirando a continuidade do desenho dos seus traços na busca de espaço para se desenvolver.
Laïs Krücken. Composição I. Técnica Mista (material orgânico prensado e desenho sem papel). 21 x 29,5 cm. 2023.
Laïs Krücken. Composição II. Técnica Mista (material orgânico prensado e desenho sem papel). 21 x 29,5 cm. 2023.
Laïs Krücken. Composição III. Técnica Mista (material orgânico prensado e desenho sem papel). 21 x 29,5 cm. 2023.
Sandra de Melo
Nestas obras usei pequenos fragmentos que, pela dimensão, textura, cor e formas, se mostraram compatíveis na composição das imagens em pinturas sobre telas e colagens, assim como através da instalação com objetos usados por pescadores. A inspiração por recontextualizar objetos foi o norte dos trabalhos apresentados. Seu intuito é entreter o observador, para as questões do meio ambiente e para que perceba sua responsabilidade social. Em Dubuffet temos: "A arte é um idioma mais rico de que as palavras".
Sandra de Melo. Pesca Plástica, Instalação (cesto, rede, cordas de barcos, resíduos descartados em garrafa pet). 35 x 26 x 29 cm. 2024.
Sandra de Melo. O mar está cheio. Técnica mista (carvão sobre tela e colagem de materiais recicláveis). 45 x 55 cm. 2024.
Sandra de Melo. Tudo transbordou. Técnica mista (tinta acrílica sobre tela com colagem de materiais). 70 x 50 cm. 2023.
Laïs Krücken (artista associada da ACAP)
Laïs Krücken (São Paulo, Brasil, 1946) é artista visual. Vive e trabalha em Florianópolis, SC. Tem um percurso interdisciplinar, envolvendo estudos relacionados à linguagem, à literatura e a técnicas artísticas. Seu interesse artístico transita por elementos da natureza e objetos banais do cotidiano que, coletados, se tornam elementos de suas obras, as quais exploram as linhas de constituição da matéria e suas tramas, cores e alterações morfológicas naturais. Tem participado de diversas exposições coletivas, entre as quais em Florianópolis (2023): Escavações, escafandristas e outras astronomias (Museu da Escola de Santa Catarina), Livros Mágicos – uma viagem Mística (Espaço Oficinas do Centro Integrado de Cultura) e Impossibilidade de Esgotamento (Centro Cultural Veras).
Sandra de Melo (artista associada da ACAP)
Sandra Elizabeth de Melo (Santa Catarina, 1960) é artista visual, pesquisadora e professora. É graduada em Pedagogia pela UDESC/Florianópolis/SC e Pós-graduada em Gestão Educacional/ Formação do Magistério Superior pela Faculdades Energia/Florianópolis/SC. A arte sempre permeou sua vida, utilizando-se de vários recursos para fazê-la. A partir dos anos 90 iniciou suas pinturas em telas, que culminaram em várias exposições, até os dias atuais. Nos anos de 2015 a 2017 participou de oficinas com o Professor Jairo Schimidt no Centro Integrado de Cultura – CIC/Florianópolis. Já entre os anos de 2016 a 2018, atuou em Casas Lares da região da Grande Florianópolis ensinando arte para crianças e adolescentes. Nos anos de 2019 e 2020 fez o curso “Da Criação à Exposição ministrada por Sergio Fingermann. Para ela a arte é um caminho diário de interpretações e fazeres que Perpassam a vida de cada um que se questiona, tem objetivos e concretiza suas impressões para o outro.